quinta-feira, 28 de abril de 2011

PREOCUPAÇÃO COM O AMBIENTE INVADE A CONSTRUÇÃO CIVIL

O aumento recente da renda dos brasileiros tem sido um impulsionador da construção civil. Novos prédios e casas pipocam por todos os lados das cidades das grandes e das pequenas. Nas áreas nobres, o número de empreendimentos certificados também aumenta. Somente o Green Building Council Brasil, que fornece o selo LEED (Leadership in Energy Environmental), um dos mais conhecidos do setor de construções verdes, emitiu 23 certificados para empreendimentos brasileiros até 2010. Esse número coloca o país na quinta posição do ranking mundial.
Ainda assim, certificar não é o único caminho para a redução do impacto. Pequenas ações e mudanças na forma de construir podem fazer com que o canteiro de obras deixe de ser um espaço de desperdício. A retirada de materiais da natureza, como a areia, e a produção de resíduos, como o entulho das demolições, são questões que podem ser minimizadas. O fator determinante nesse contexto, de acordo com o engenheiro civil e professor da PUCRS Jairo Andrade, é o planejamento.
obra limpa pense imóveis
Um projeto bem elaborado e calculado pode dar destino correto ao lixo produzido e fazer com que materiais pré-fabricados reduzam o desperdício de tijolos, cimento e gesso, por exemplo. Mesmo custando um pouco mais, os pré-moldados também podem ser montados de forma mais rápida e, assim, reduzir a duração da obra. E menos tempo no canteiro de obras é sinônimo de menos ruído para a vizinhança.
Na busca por novas formas de construir, o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia da USP – São Carlos está testando o uso de tubos de papelão reciclado em paredes verticais. O motivo do engajamento é claro para a arquiteta e doutoranda da USP Gerusa Salado:
– Sabemos que a construção degrada o ambiente, tanto na demolição quanto na extração de materiais do ambiente.
Ainda assim, José Goldemberg, presidente do Conselho de Sustentabilidade da Fecomercio/SP, entende que, quando o tema é racionalização da construção, o país ainda deve percorrer um longo caminho de aprimoramento.
Para estimular o desenvolvimento de construções com mais qualidade e menos impacto, o banco Santander desenvolveu o programa Obra Sustentável, que incentiva construtores a adorar práticas socioambientais positivas no projeto e execução da obra. Entre os aspectos avaliados pelo programa estão exatamente a reutilização, a redução dos produtos consumidos e a reciclagem de materiais.
Uma boa construção
Reduzir o impacto nas construções passa por dois fatores principais, a diminuição dos resíduos produzidos e do desperdício de materiais. As duas questões estão muito próximas e é isso que faz com que as soluções incluam, de uma forma ou de outra, o material utilizado.
Ainda assim, especialistas como o professor Jairo Andrade, engenheiro civil do curso de Engenharia Civil da PUCRS, colocam o planejamento como grande agente na redução do impacto.
– Uma obra bem planejada utiliza melhor os materiais comprados e, assim, reduz o que vai para o lixo – afirma Andrade.
O uso de materiais pré-fabricados, como paredes, lajes e vigas, é uma solução interessante para a questão do desperdício. Como funcionam a partir do processo de encaixe, esses materiais têm instalação rápida e costumam não produzir resíduos. Embora muito utilizados em prédios comerciais e industriais, os pré-moldados não foram adotados por completo quando a construção é residencial.
Para o engenheiro civil e diretor da Sudeste Pré-Fabricados, Fabio Casagrande, a resistência no uso de pré-moldados pode estar ligada a dois fatores: preço e falta de informação.
– Muitos ainda pensam que o pré-moldado é um material inferior, o que não é verdade – afirma Casagrande.
Andrade reforça que a construção civil tem um tempo próprio para evoluir e, talvez, por esse motivo os materiais pré-fabricados não sejam uma realidade em muitos canteiros de obra. Mesmo assim, o engenheiro civil e professor da Universidade Nove de Julho de São Paulo, Salomon Levy, é otimista:
– O setor evoluiu nos últimos anos, e a consciência ambiental, que cresce, também deve fazer com que novos materiais sejam assimilados pouco a pouco. Construções residenciais ainda resistem à utilização de estruturas pré-moldadas.
Parede feita de papelão
Pensando na redução do entulho nas obras e no reaproveitamento de materiais, um grupo de arquitetos e engenheiros da USP – São Carlos está testando uma nova matéria-prima: o papelão. Há quatro anos em estudo, o projeto do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Escola de Engenharia quer possibilitar que uma nova opção chegue ao mercado da construção civil.
obra limpa pense imóveis
Há três meses, uma construção experimental foi instalada na universidade para testar a viabilidade técnica do material. A pequena casa é feita com tubos de papelão e, até agora, tem apresentado resultados positivos. A ideia é que o material possa substituir paredes internas e externas de prédios comerciais ou residenciais. Em testes já realizados, um metro linear do material mostrou suportar até cinco toneladas.
– Os testes durarão dois anos, mas a ideia é que o papelão substitua a alvenaria tradicional, incluindo aço, madeira e vidro – esclarece a arquiteta e doutoranda da Escola de Engenharia de São Carlos, Gerusa Salado.
Para ela, um dos motivos que fazem da construção civil um setor de impacto é a extração de matéria-prima da natureza. Por isso, o fato do papelão testado na USP ser produzido com papel reciclado conta a favor. A possibilidade de montar e desmontar as paredes também faz com que o modelo viabilize, de alguma forma, a reutilização.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Prédios mais eficientes



Diante do crescimento da demanda atual por fontes energéticas dentro de padrões cada vez mais profundos de desenvolvimento, torna-se consenso a necessidade de mudar radicalmente a forma como se consome e produz energia. O uso dos selos, certificações e programas que regulam e sugerem parâmetros e metas para este uso nas edificações, tornando-as eficientes, tem apresentado resultados expressivos no Brasil e no mundo. A construção civil consome aproximadamente 75% dos recursos naturais disponíveis no planeta e é responsável por grande parte dos resíduos, gasto de energia e emissões atmosféricas de gases poluentes. Em funcionamento, as edificações respondem por 42% da energia elétrica e 20% da água utilizada pela sociedade como um todo.
"O setor necessita adotar práticas sustentáveis e mudar os modelos de planejamento e desenvolvimento das construções, pois a redução do desperdício de energia nos edifícios pode dar uma grande contribuição para a diminuição das emissões do principal gás responsável pelo efeito estufa. A opção de racionalizar, reduzir e conservar energia elétrica é uma estratégia eficiente e inteligente, para donos e usuários", pontua a engenheira Patrícia Vasconcellos, sócia da Creato Consultoria e Projetos.
Como explica, a eficiência energética é o uso racional da energia elétrica para o consumo de uma edificação. Pode-se dizer que um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando ele proporciona as mesmas condições de uso e conforto com menor consumo de energia. Estudos e avaliações voltadas para a eficiência energética nas edificações podem ser tratados em todas as fases de um empreendimento, do planejamento à construção, também como em edificações existentes. "O ideal é que o projeto seja concebido para ser eficiente em energia. Dessa forma, o custo de implantação é menor e a eficiência do sistema é melhor. No caso de edificações antigas, que estão fazendo "retrofits", ou seja, se modernizando, é feita uma análise do consumo de energia atual para depois ser apresentada uma proposta de intervenção", explica Patrícia.
Para o engenheiro diretor da Green Gold Engenharia e Projetos, Júlio César Fonseca, a eficiência energética é algo muito importante nos dias atuais. Primeiro porque passa pela questão ambiental do ponto de vista da matriz energética do país. Na Europa, a geração de energia foi baseada em usinas nucleares e por usinas termelétricas à base da queima de carvão. São fontes não renováveis e com risco de acidentes ambientais, como o ocorrido no Japão, lembra Júlio César. "Já no Brasil, nossa matriz é a hidrelétrica, que tem um alto impacto ambiental para sua implantação devido à necessidade de alagamento para criação da represa. Temos como exemplo atual a Usina de Belo Monte. O pensamento é que se tivermos edificações eficientes do ponto de vista energético, teremos uma demanda menor de energia e como consequência um menor impacto na questão ambiental para o suprimento de energia."
Em um empreendimento sustentável, o consumo de energia pode ser 30% menor que nos demais, afirma o gerente operacional do Green Building Council Brasil, Felipe Faria. De acordo com ele, até o momento, 24 empreendimentos receberam a certificação LEED no Brasil. Em 2009, o país era o 6º colocado no ranking mundial de construção sustentável. No ano passado, subiu para 5º, atrás apenas dos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Canadá e China, pontua. Um reflexo dessa preocupação é o concurso OTEC de Eficiência Energética, que na primeira edição tem como um dos três finalistas uma equipe mineira formada por engenheiros, arquitetos e administradores ligados à Creato. Juntos, eles criaram um projeto de revitalização do Edifício Paulo de Tarso Montenegro, que abriga há 11 anos a sede do Ibope em São Paulo.

Fonte: Jornal Estado de Minas/BR

Bairro-Cidade Pedra Branca: Pioneirismo em Urbanismo Sustentável na América Latina

Empreendimento fugirá do conceito dos condomínios fechados, criando uma comunidade voltada ao pedestre e à natureza


Um bairro com infraestrutura de cidade, rodeado de áreas verdes e onde as pessoas possam morar, trabalhar, estudar e se divertir ao alcance de uma caminhada. Modelo para o mercado brasileiro e único na América Latina, este bairro começa a ser realidade na Cidade Universitária Pedra Branca, na Grande Florianópolis. Com uma universidade como âncora e áreas para implantação de serviços e indústrias, foi planejado como um local diferenciado, valorizando o meio ambiente, os espaços públicos e a tranqüilidade.
Em 2005 teve início a segunda fase do empreendimento, quando começou a ser estruturado conforme os princípios do Urbanismo Sustentável. Surge então o projeto do novo ‘centro de bairro’ da Pedra Branca, que nos próximos 10 anos abrigará com conforto e segurança cerca de 30 mil moradores em quase dois milhões de metros quadrados de construções.
O bairro sustentável Pedra Branca fugirá do conceito dos condomínios fechados, criando uma comunidade voltada ao pedestre e à preservação da natureza. Todas as atividades culturais, comerciais e de lazer estarão ligadas por ruas que privilegiam os moradores. O objetivo é garantir o convívio junto ao meio ambiente sem abrir mão das amenidades urbanas. A execução deste conceito inédito propõe em um mesmo local a integração de lojas, empresas, mercados, padarias, farmácias e residências.
As 20 quadras da primeira etapa do centro do bairro (serão 47 no total), não ficarão restritas às residências – uma mesma quadra contará com edifícios para habitação, escritórios e comércio. O uso misto é a essência do Urbanismo Sustentável e no bairro Pedra Branca a proposta é justamente de que os moradores tenham uma cidade aos seus pés. As obras deste ‘bairro-cidade’ iniciaram em 2010 com o lançamento das duas primeiras quadras – Pátio da Pedra e Pátio das Flores. O empreendiment
o conta com a experiência da Joal Teitelbaum, uma das maiores construtoras do sul do país, e a parceria do Grupo Espírito Santo, um dos principais players do setor financeiro de Portugal.
Projeto urbano e arquitetônico com know-how internacional
Esão engajados nesta experiência pioneira no Brasil onze importantes escritórios de arquitetura e urbanismo, com a participação de consultores do exterior, como a DPZ Latin America e a Arup (uma das maiores empresas de engenharia do mundo). Os urbanistas Jaime Lerner e Silvia Lenzi também têm importante participação no desenvolvimento do projeto urbano e arquitetônico do bairro Pedra Branca, premiado em 2007 na XI Bienal Internacional de Buenos Aires. Em 2009, o projeto foi selecionado pela fundação do ex-presidente norte-americano Bill Clinton para integrar o Programa de Desenvolvimento do Clima Positivo. Além de estar entre os 18 selecionados – o único da América Latina –, o empreendimento está entre os cinco para integrar projeto-p
iloto da ONG, que visa estabelecer as metas de emissão de carbono nas cidades do futuro.
A Pedra Branca hoje
Atualmente a Cidade Universitária Pedra Branca conta com cerca de 4 mil moradores, 600 casas e seis prédios. Abriga a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), que atende cerca de 10 mil estudantes; Grupo de Escoteiros; um Centro Empresarial; Shopping Universitário, Techno Park, com 204 lotes destinados a operação de empresas não-poluentes; complexos aquático e poliesportivo; além da possibilidade de atividades radicais como arvorismo, rappel e escalada no Parque do Maciço da Pedra Branca.
Parceria
A Brognoli Negócios Imobiliários montou uma equipe exclusiva e especializada de corretores de imóveis para atender o empreendimento Pedra Branca. A previsão é que sejam construídos até 10 mil apartamentos em 10 anos.