sexta-feira, 15 de abril de 2011

Prédios mais eficientes



Diante do crescimento da demanda atual por fontes energéticas dentro de padrões cada vez mais profundos de desenvolvimento, torna-se consenso a necessidade de mudar radicalmente a forma como se consome e produz energia. O uso dos selos, certificações e programas que regulam e sugerem parâmetros e metas para este uso nas edificações, tornando-as eficientes, tem apresentado resultados expressivos no Brasil e no mundo. A construção civil consome aproximadamente 75% dos recursos naturais disponíveis no planeta e é responsável por grande parte dos resíduos, gasto de energia e emissões atmosféricas de gases poluentes. Em funcionamento, as edificações respondem por 42% da energia elétrica e 20% da água utilizada pela sociedade como um todo.
"O setor necessita adotar práticas sustentáveis e mudar os modelos de planejamento e desenvolvimento das construções, pois a redução do desperdício de energia nos edifícios pode dar uma grande contribuição para a diminuição das emissões do principal gás responsável pelo efeito estufa. A opção de racionalizar, reduzir e conservar energia elétrica é uma estratégia eficiente e inteligente, para donos e usuários", pontua a engenheira Patrícia Vasconcellos, sócia da Creato Consultoria e Projetos.
Como explica, a eficiência energética é o uso racional da energia elétrica para o consumo de uma edificação. Pode-se dizer que um edifício é mais eficiente energeticamente que outro quando ele proporciona as mesmas condições de uso e conforto com menor consumo de energia. Estudos e avaliações voltadas para a eficiência energética nas edificações podem ser tratados em todas as fases de um empreendimento, do planejamento à construção, também como em edificações existentes. "O ideal é que o projeto seja concebido para ser eficiente em energia. Dessa forma, o custo de implantação é menor e a eficiência do sistema é melhor. No caso de edificações antigas, que estão fazendo "retrofits", ou seja, se modernizando, é feita uma análise do consumo de energia atual para depois ser apresentada uma proposta de intervenção", explica Patrícia.
Para o engenheiro diretor da Green Gold Engenharia e Projetos, Júlio César Fonseca, a eficiência energética é algo muito importante nos dias atuais. Primeiro porque passa pela questão ambiental do ponto de vista da matriz energética do país. Na Europa, a geração de energia foi baseada em usinas nucleares e por usinas termelétricas à base da queima de carvão. São fontes não renováveis e com risco de acidentes ambientais, como o ocorrido no Japão, lembra Júlio César. "Já no Brasil, nossa matriz é a hidrelétrica, que tem um alto impacto ambiental para sua implantação devido à necessidade de alagamento para criação da represa. Temos como exemplo atual a Usina de Belo Monte. O pensamento é que se tivermos edificações eficientes do ponto de vista energético, teremos uma demanda menor de energia e como consequência um menor impacto na questão ambiental para o suprimento de energia."
Em um empreendimento sustentável, o consumo de energia pode ser 30% menor que nos demais, afirma o gerente operacional do Green Building Council Brasil, Felipe Faria. De acordo com ele, até o momento, 24 empreendimentos receberam a certificação LEED no Brasil. Em 2009, o país era o 6º colocado no ranking mundial de construção sustentável. No ano passado, subiu para 5º, atrás apenas dos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, Canadá e China, pontua. Um reflexo dessa preocupação é o concurso OTEC de Eficiência Energética, que na primeira edição tem como um dos três finalistas uma equipe mineira formada por engenheiros, arquitetos e administradores ligados à Creato. Juntos, eles criaram um projeto de revitalização do Edifício Paulo de Tarso Montenegro, que abriga há 11 anos a sede do Ibope em São Paulo.

Fonte: Jornal Estado de Minas/BR

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